Conversas ao vento

– Você não consegue viver sozinho né? – Disse

– Talvez eu não deva – Respondi olhando para o horizonte.

– Como assim?

– É, talvez eu deva ser assim, passar pela vida das pessoas, e assim como a macia agua corrente molda a pedra maciça, eu deva passar pela vida dos outros.  – Respondi tentando achar algo para focar a vista ao longe.

– Você está me confundindo, o que quer dizer com isso? – Perguntou focando o olhar em mim.

– É que eu me lembro, lembro-me quando a vi pela primeira vez, era uma simples garota dentro de sua bolha, mas não uma bolha de arrogância, não; havia muita humildade nela para sobrar espaço para arrogância. Era… simplesmente uma bolha, que a fazia se isolar do mundo, talvez por opção; ou medo, jamais saberemos.

– Está dizendo isso por que sente falta?

– Não! Quer dizer… Talvez. Estou dizendo isso, pois me sinto como uma ferramenta. Sei que após muitas tentativas consegui estourar aquela bolha, e lhe apresentei ao mundo. Jamais disse que seria fácil, mas sim que seria inevitável. Tentei-a colocar no mundo assim como um peixe é introduzido em um novo aquário, aos poucos. E então… quando ela se adaptou, eu a deixei viver.

– Então ela foi embora? – Questionou curiosamente.

– Não, eu fui. – Respondi virando-me em sua direção.

– E infelizmente deixei com ela um pequeno pedaço meu. Mas sei que fiz o certo, a vejo agora desbravando a vida e vivendo como deve ser vivida. Sei que passarão meses e anos, mas ela jamais se esquecerá de mim.

– Como pode ter certeza disso?

– Pois eu jamais esquecerei dela. 


“E quando eu estiver triste

Simplesmente me abrace

E quando eu estiver louco

Subitamente se afaste

E quando eu estiver bobo

Sutilmente disfarce…

Mas quando eu estiver morto

Suplico que não me mate (não)

Dentro de ti

Dentro de ti”


Sutilmente – Skank

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