Você consegue sentir o cheiro do frio no ar? Um cheiro aconchegante que me faz imaginar uma casa indestrutível no meio da floresta. Uma casa que tem o interior das paredes feitas de aço e um enorme revestimento de madeira, um revestimento tão bom que quem passasse por ali jamais notaria que aquela casa é blindada. Imagino essa casa com enormes janelas de vidro blindadas também, em que eu pudesse olhar a noite e percebesse o quão magnifica e misteriosa ela é sem que nada de fora possa me atingir. Essa casa tem também uma passagem subterrânea secreta, que me leva até o centro da cidade sem que ninguém perceba.
Me imagino sentado em um enorme sofá, com ela em meus braços embaixo de vários cobertores enormes vendo TV enquanto a noite grita silenciosamente lá fora, dentro da casa apenas a luz da TV e a luz da lareira clareiam oscilavelmente a sala. Há também várias xícaras de porcelana com chocolate quente na mesinha de centro. Não há lugar mais confortável que aquele para se estar.
Sinceramente não sei por que imagino essa cena, sinto saudade de algo que eu nunca tive, uma sensação de nostalgia que não há fundamentos para existir.
O impressionante é que consigo imaginar uma casa toda, cada comodo, cada canto e detalhe apenas com um cheiro.
Outro fato impressionante é que esse é apenas uma cena que eu imagino com esse cheiro, assim que eu o sentir novamente, escreverei sobre outra cena que o mesmo me lembra.
“Não posso ficar nem mais um minuto com você!
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã,Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã.”
Trem das Onze – Adoniran Barbosa