Tradição Natalina

Como de costume minha apatia com o mês de dezembro vem se firmando ao passar dos anos, é claro que nada chegou aos pés do que ocorreu nesse fatídico ano.

Acordei e fiquei olhando para o teto criando coragem de levantar da cama, meus pensamentos tomaram forma e eu viajei sem sair do quarto. O que seria agora? Levantei e procurei meu celular como de costume, esqueci que não o tinha mais.

Roupas! Preciso de roupas! – Foi o que passou em minha cabeça. Pego roupas limpas e a toalha e vou para o banho.

 É claro que coisas assim acontecem diariamente, mas como todos dizem: “Você nunca espera que aconteça com você”. Olhei para aliança em meu anelar direito, ela não faziam mais sentido hoje, não tinham o mesmo peso de ontem. Estranho. Ao removê-la pude ver a marca clara que ela deixou em meu dedo. Não via a hora de trocar esta aliança pela dourada e definitiva, sinceramente estava economizando para isso, troquei os almoços em restaurantes por comida caseira e em vez de ir de carro, estava indo de carona com quem pudesse me levar. Valia a pena economizar cada centavo para comprar aquele maravilhoso anel de noivado que eu namorava à tempos; era possível ver o brilho do diamante a metros de distância exposto na vitrine.
Era fantástico imaginar o dia, o jantar, e como seria quando ela visse que não havia apenas champanhe na taça.
Embora tivesse terminado o banho não sentia o toque da água, algo estava estranho.
Desliguei o chuveiro

O café estava sendo filtrado pela máquina e eu só conseguia encarar fixamente o fio de café que escorria no meio da jarra, o barulho que antes era tão simples, agora parecia que estava tomando conta da cozinha.

Pego minha caneca e vou abrir o escritório, o dia parece cinza. Vejo os textos que escrevi salvos na área de trabalho do meu laptop, assim como a aliança, eles também não fazem mais sentido.

Eu não sabia se devia fazer aquela ligação.

Re-li nossas conversas e decidi que tinha que ser feita.

Nunca tinha feito um consórcio na vida, principalmente um de casamento, sabia que  ia perder dinheiro. “Tem certeza que deseja cancelar Sr.?” Disse a atendente do outro lado da linha. “Claro que não! Mas não depende só de mim, não é?” – Respondi.

“Então me abraça forte

E diz mais uma vez

Que já estamos

Distantes de tudo

Temos nosso próprio tempo

Temos nosso próprio tempo

Temos nosso próprio tempo”

Legião Urbana – Tempo Perdido

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