Minhas mãos tremiam muito naquela tarde ensolarada de sábado, era verão, porém eu suava frio. Havia algo diferente naquele dia.
Uma aura, uma tensão que brincava com minhas percepções, já não sabia o que viria pela frente, estava frio ou calor? Estou nervoso ou relaxado? Por que eu estava piscando mais que o normal? Com as mãos estiquei as mangas do meu terno e chequei a lapela. Estava tudo certo.
Todos me olhavam, o que eu devia fazer? Não encontrava lugar para pôr as mãos, nem lugar para fixar meu olhar. A tensão do local poderia facilmente espatifar uma barra de aço.
Não sabia o porque estava nervoso, finalmente tinha conseguido algo pelo qual eu lutara por anos…. Talvez o passo fosse grande demais…Por um breve momento as vozes se calaram e eu fui lançado no abismo da ansiedade. O que aconteceu? Porque todos se calaram?
Um carro sedã preto parou na porta, meu coração parou junto com ele. Tamanho era o silêncio naquela catedral, que era possível ouvir os relógios dos convidados trabalhando.A porta do carro se abriu. O universo parou por uns instantes para admirar o que viria em seguida. O infinito se condensou em um segundo e ela apareceu vagarosamente, primeiro uma perna, depois a outra… E em poucos segundos lá estava ela, em pé na frente da catedral com seu enorme vestido branco e seu buquê de rosas vermelhas que contrastava fortemente com seu vestido.
Todos os convidados olhavam em direção a porta esperando por algum movimento. Movimento este que só ocorreu quando os músicos começaram a tocar vigorosamente a Marcha Imperial de Star Wars. Ouvir aquela música e ver minha princesa vagarosamente se aproximar fez todos os meus músculos reiniciarem e eu ter mais certeza do que eu queria.Meu nariz ardeu e minhas poucas lágrimas restantes foram para meus olhos. Eu tinha um anjo em minha frente.
Ela usava lentes aquele dia, e eu a conhecia muito bem, sabia que por trás daquele lindo sorriso peculiar ela segurava as lágrimas com todas as forças possíveis (assim como eu).
Ela estava cada vez mais perto, olhei nos olhos dela e sorri, o que a fez derramar a primeira lágrima naquele momento (ela era chorona, aguentara bem até aquele momento), é claro que como de costume, eu não conseguia vê-la chorar sem fazer o mesmo, então deixei-me levar e cai em prantos.
A música subiu em um lindo crescente e me fez viajar. Sabia que era com ela que e eu ia passar o resto da minha vida, sabia que meus lábios morariam para sempre naquele lindo sorriso, e que assistiríamos incessantes maratonas de Star Wars em uma TV onde ao lado houvesse uma foto nossa com os dizeres: “Juntos dominaremos a galáxia”.
Finalmente eu podia chama-la de Esposa.
“E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce yeah
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti”
Sutilmente – Skank